Oração descabida.



Não sei mais se sei orar
de tanto que me neguei a acreditar 
e de tanto que acreditei
que tudo estava bem seguro em minhas mãos.

Me esqueci de agradecer
cada dia que tive a oportunidade de viver,
cada raio de sol que brilhou,
cada gota de chuva que molhou meus ombos cansados.

Esqueci de me corrigir
e do quanto a culpa pelos erros pesa,
de pedir perdão por não ser tão correta
quanto eu achava que era.

Me encharquei de orgulho
e não pedi aquilo de que tanto precisei.
Me convenci de que o que necessitei
era insignificante perto da carência alheia.

Achei, por muito tempo, que não precisava de nada
além daquilo que já possuía:
Mente, corpo e alma.

E, de repente, me vi desligada. 
A mente culpando o corpo.
O corpo machucando a alma.

E me restou...

Só a vontade de agradecer
todas as oportunidades que tive;
De me punir
pelos erros que não contive;
De pedir um pouco de paz.

E talvez um pouco mais de fé
pra me entregar ao que vier.
Porque sei que não vou caminhar somente sobre pluma.

E serei só mais uma
ao escrever uma oração com coração apertado
e um desejo velado de amassar o papel e jogar pra trás.

Talvez eu devesse terminar
de maneira bem tradicional
Pedindo que me livre de todo mal
e como toda pessoa de bem
agradecer com um breve "amém".

Mas não sou assim tão Cristã.
Nem ando com a mente tão sã
pra por fim a essa reza vã.

Vou continuar discursando.
E por já ter me desfeito da razão
quero que Ele continue no comando:
Meu coração.

Que assim seja.

"Que o Senhor esteja convosco"
"Ele está no meio de nós."

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