No útero...

Segunda-feira tem faxina aqui em casa! Chamei a Lu, diarista da família, pra me dar um apoio psicológico. Estou tão focada na vida profissional que a casa acabou ficando em último plano. Ainda mais sabendo que segunda serei salva da minha própria procrastinação. A louça está feliz na pia enquanto a poeira se acumula em cima da T.V. Mas o que importa pra mim é que eu não sou uma dessas coisas que está ficando empoeirada por estar parada no tempo. Conheço um monte de gente que vive a vida como se fosse um bibelô enfeitando a estante. A vida passa por elas sem que elas esbocem sequer uma vontade de participar. Nesses casos eu prefiro acompanhar o BBB, é muito mais interessante ver a vida de quem se esbalda nela. 

Tem um monte de gente que diz que eu não faço nada da vida. E elas não tem a menor noção do que eu ando fazendo, do que eu já fiz, muito menos do que eu pretendo fazer. Eu trabalho voluntariamente desde os 15 anos. A maior parte das pessoas acha isso loucura. Pra mim, é uma forma de agradecer tudo que eu recebi de graça a vida inteira. Eu trabalho com arte. Para a maior parte das pessoas, arte não é trabalho. Trabalho é sentar a bunda em um escritório, receber ordens de um chefe insatisfeito, voltar pra casa depois do expediente e receber o salário no fim do mês. Eu acho isso moleza! Duro mesmo é depender da própria criatividade, do próprio esforço pra no fim ganhar algum dinheiro. E isso não importa se você trabalha de 8h às 18h, ou de 12h às 00h, pois o retorno só depende de você, ou nada de cascalho no fim. Sem contar a parte em que todos me acham louca. E o estudo? É duro dizer pra um amigo que você não vai à praia porque tem que estudar. O pior é que você estuda, estuda, estuda, trabalha, trabalha, trabalha e no fim das contas vem um FDP e diz que você não faz anda da vida. Não ligam a mínima pro que você faz, se você não faz o que ele compreende. As pessoas ao meu redor não compreendem as minhas escolhas. Estou eu escolhendo mal? Estou eu no lugar errado? Ou estou a exigir demais das pessoas? 

Viver pra mim é uma perfeita dádiva divina e eu não troco isso por nenhum salário no fim do mês que possa justificar eu vender meus sonhos.

Mas se me perguntarem quanto eu ganho respondo: muito mais, em experiência de vida, que você, em salário!

Eu não vim à vida a passeio nem como espectadora: vim pra me tornar melhor. E isso dá um trabalho!

Acho que é isso! O carnaval já começou! Ontem fiquei presa no trânsito dentro de um ônibus que quase foi assaltado, esperando o Cordão do Bola Preta passar. Quase desci do ônibus e fui pular no bloco, mas eu estava sozinha e isso seria um suicídio. Então fiquei chupando dedo vendo o bloco atravessar meu horizonte. Ainda bem que tenho até o outro domingo pra pular em algum bloco. Divirtam-se! Beijos e Fui.