Inferno Astral I

Tô formada e desempregada,
minha mãe acabou de ser internada,
Tô sozinha, sem dinheiro, mal-amada,
esperando a vida dar aquela virada.

Faz dias que ando sem fome.
Meses que não vejo um homem!
Mesmo aquele que 'cê sabe o nome.
Quanto mais eu quero, mais tempo ele some...

Tô precisando me jogar ao vento
sem lenço, nem documento.
Não vou mais dar ao tempo
o luxo de me deixar ao relento.

Vou reinventar minha história,
contar minha trajetória,
tirar do fundo da memória
a alegria da primeira vez que escrevi.

E por mais que te pareça bobagem,
mesmo parecendo realmente de sacanagem,
ainda me resta essa bagagem.
Foi muito bom chegar até aqui!

(Fiz essa poesia em 2004, logo que me formei em Interpretação Cênica. Ainda não tinha ideia do que estaria por vir e, mesmo assim, a última estrofe continua fazendo muito sentido pra mim. Foi mesmo muito bom chegar até aqui.)

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