Óbvio.

Esquisita. Eis meu rótulo mais antigo.
E de tanto ouvir, por vezes, acredito que sou.
Diferente. Quem não o é?
Que eu saiba somos todos únicos. Não existe um só gêmeo igual a outro.
Calada. Meu silêncio incomoda. Principalmente àqueles que dão valor demais às palavras.
Cara de insatisfação. Eu prefiro chamar de cara de paisagem. Porque meu mundo é pra dentro.
Eu só exteriorizo aquilo que vaza... transborda.
É. Sou insegura demais pra mostrar-me assim... A qualquer um.
E poucos são aqueles que conhecem mais que a minha casca.
Sou um mistério, perigosa... geralmente deixo uma incógnita tilintando: Quem ela é?
Será que ela mente? Será que ela quer? Será que ela sabe o que eu penso dela? Será que sabe quem é ela?
Será que ela se importa se eu investigar? Ela se importa se eu me importar?
Não tirem conclusões a meu respeito. Eu não sou óbvia.
Porque eu não me defino. Porque quando conheço alguém novo, já não sou mais a mesma de minutos atrás.
Nem eu sei como vou me comportar. Como vou me relacionar com as pessoas, com o espaço, com o trabalho, com as energias do lugar. Eu não sei quem sou até vivenciar a mim mesma naquele momento. E um momento depois já não sou mais a mesma de um momento atrás.
Eu não sou óbvia porque não sou completa. E cada parte de mim está espalhada por aí. Hoje eu sou esse montinho que se juntou até agora. Um pouquinho de cada experiência, de cada olhar que eu cruzei. E amanhã quem sabe o que eu irei encontrar? Cada pedacinho que junta forma um todo novo, logo novo ser eu sou a cada segundo. Como pode alguém querer uma definição de quem eu sou, se nem eu mesma sei.
Eu não sou óbvia e esse trabalho que dá me desvendar tem hora que cansa as pessoas. A maioria quer formulas prontas pra não ter trabalho de conhecer o outro. Fulano é isso, beltrano é aquilo e ponto. Então eu aceito o rótulo, porque também não tenho muito saco pra ficar me explicando. E nem acho que deva. E nem quero. E quem quer? Descobrir o outro é tão gostoso. Principalmente quando o que o outro transborda pelos olhos é diferente do que ele despeja pela boca. Eis uma boa brincadeira.
Eu não gosto do que é óbvio. Do que é unânime. Do que é pop. Eu gosto de rock. Pedra ametista. Tesouro guardado dentro... do peito ou do bolso. Porque quem ostenta muito é porque quer vender-se melhor do que realmente é e sair ganhando na troca.
Eu gosto de trocas justas. Me dê um pouquinho de você e eu lhe entrego um pouquinho de mim.

Beijos e fui.

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